“Quanto mais cedo for iniciado um trabalho de estímulo e aprendizagem, maior a independência das pessoas com Down“,
afirma o geneticista e pediatra Zan Mustacchi, diretor do Centro de
Estudos e Pesquisas Clínicas de São Paulo (CEPEC-SP). Derrube mitos
sobre essa alteração genética e conheça exemplos de superação que
confirmam a fala dos especialistas.
Mito 1: a criança com Down só pode estudar em uma escola especial
O
geneticista Zan recomenda exatamente o oposto: a família deve colocar o
filho em uma escola comum. “Com o incentivo da aceitação dessa criança
dentro da sala de aula, tanto ela quanto os colegas crescem acostumados
às diferenças e derrubam barreiras de preconceito presentes na
sociedade”, afirma o profissional.
A psicóloga clínica e
psicopedagoga Fabiana Diniz, da Unimed Paulistana, conta que a pessoa
com a síndrome pode ter um retardo mental que vai do leve ao moderado,
mas isso não a impede de se desenvolver cognitivamente. “Além da
intervenção precoce na aprendizagem, é preciso carinho e estímulo por
parte da família, terapias e tratamento medicinal quando necessário,
além de incentivo à brincadeiras com jogos educativos”, diz a
especialista.
Mito 2: atividades físicas estão proibidas, somente a fisioterapia é liberada
Quem
tem Down pode – e deve – praticar exercício físico, mas é preciso
passar por uma avaliação médica antes e preferir atividades de baixo
impacto. “A alteração genética pode causar problemas no coração,
espaçamento da coluna vertebral e redução da força muscular”, afirma a
educadora física Natália Mônaco, do Instituto Olga Kos, que atende na
cidade de São Paulo crianças, jovens e adultos com Síndrome de Down.
Leonardo
Hasegava, 19 anos, apresentou grandes melhoras de força, flexibilidade,
equilíbrio e agilidade por praticar Taekwondo no Olga Kos. A mãe,
Marisa, conta orgulhosa que ele fez a sua primeira apresentação sozinho
ano passado. “Em um ano de prática, ele já consegue chutar bem com a
direita, mesmo sendo canhoto, e aprendeu a fazer um salto com dois pés
juntos, algo de difícil coordenação”, comenta.
Mito 3: a Síndrome de Down bloqueia o amadurecimento
Essa
crença já foi defendida por alguns especialistas do passado, mas hoje
não passa de um grande mito. Thiago Rodrigues, de 25 anos, serve como
prova: é auxiliar administrativo de uma empresa de agronegócio e está em
Nova York para divulgar um manual de acessibilidade para pessoas com
deficiência intelectual, que escreveu junto com colegas que também
possuem Síndrome de Down. “Viajar para fora do país era um dos meus
maiores sonhos, mas ainda tenho muitos outros, como voltar a estudar pra
fazer faculdade de ciência da computação”, afirma o jovem.
A geneticista Fabíola Monteiro, da APAE de São Paulo, afirma é possível
chegar a um desenvolvimento como o de Thiago com estímulo precoce e
acompanhamento de profissionais, que pode envolver desde fisioterapia e
fonoaudiologia até exames periódicos com um cardiologista. “É importante
agir quando o cérebro ainda está em formação, para fazer com que a
criança forme o máximo de conexões possíveis”, afirma.
Mito 4: casais com a síndrome não podem ter filhos
O
geneticista Zan explica que um casal pode ter filhos mesmo que ambos
tenham Síndrome de Down. “A principal diferença é que as chances de o
filho também apresentar a alteração genética são maiores: 80% se os dois
tiverem Down e 50% se apenas um do casal tiver”, diz. Em pessoas que
não apresentam a síndrome, a chance de a criança nascer com o cromossomo
a mais é de um para cada 700 pessoas.
Ilka Farrath, de 33 anos,
está muito feliz ao escolher o vestido que irá usar para se casar com
Artur Grassi – os dois possuem síndrome de Down e se conheceram quando
ainda eram adolescentes na APAE de São Paulo. “A correria pra ver DJ,
filmagem, decoração e outras coisas é grande, mas não deixo de fazer
pilates duas vezes por semana para melhorar o alongamento e conseguir
emagrecer até dezembro, quando será o casamento”, afirma.
Mito 5: quem tem Down precisa sempre de um cuidador 24 horas por dia
A
geneticista Fabíola afirma que a pessoa com a síndrome geralmente
precisa de algum tipo de supervisão, mas não significa superproteção a
todo o momento. “Dependendo do estímulo e das características pessoais, é
possível ter uma vida mais independente”, conta.
Thiago vive com a
mãe, mas garante que tem muita autonomia: “Acordo cedo todo dia, troco
de roupa, escovo os dentes, pego trem e ônibus até o trabalho e faço
muitas outras coisas”, afirma. A mãe de Leonardo, campeão de natação,
também conta que ele viajou sozinho com a delegação para disputar as
olimpíadas na Grécia. “Foi uma prova do quanto ele consegue ser
independente, já que eu e meu marido só fomos para lá depois e não
podíamos tirá-lo da vila olímpica”, conta.
Já o Leonardo Ferrari,
18 anos, de Jundiaí-SP, destacou-se na natação: ficou em primeiro lugar
classificação no Brasil para disputar a Special Olympcs 2011, na Grécia,
que é a versão das olimpíadas para pessoas com deficiência intelectual.
“Colocamos o Léo na natação aos oito anos de idade por causa da
tendência maior a engordar e do sistema respiratório mais frágil, comum
em quem tem a síndrome, e ele teve resultados muito além do esperado”,
afirma a mãe Berenice.
Mito 6: há diferentes graus de Síndrome de Down
A
presença do cromossomo 21 extra é a mesma em todos os casos – não há
graus. “A diferença entre uma pessoa e outra está nas oportunidades que
cada uma tem de ser estimulada e nas características individuais que
possui”, comenta o geneticista Zan. É por isso que, como reforça a
psicóloga Fabiana, é essencial um estímulo desde a infância. “Depende
muito do grau de comprometimento da família para que o portador da
síndrome possa enfrentar seus próprios medos e desafios e, dessa forma,
levar uma vida normal, cercada de direitos e deveres como qualquer
cidadão”, comenta.
Ilka, que tem a síndrome e está prestes a se
casar, é um exemplo do estímulo precoce: teve um atendimento de
profissionais da APAE de São Paulo desde que tinha dois anos e oito
meses. “Costumo dizer que lá é a minha segunda casa, já que também
contribuiu para que hoje eu possa trabalhar, viajar e planejar o meu
casamento”, diz.
Mito 7: o cromossomo extra da síndrome vem apenas da mãe
“Nem
sempre a cópia extra do cromossomo 21 vem da mãe, pode vir do pai
também”, afirma a geneticista Fabíola. Mas é verdade que, a partir dos
35 anos de idade da mulher, os riscos de o acidente genético acontecer
são cada vez maiores. Zan Mustacchi explica que a mulher tem todos os
óvulos formados dentro de si desde quando ainda é bebê, diferente do
homem que produz espermatozoides a cada 72 horas desde a puberdade. “Ao
longo dos anos, os óvulos também vão envelhecendo, o que pode aumentar o
risco de ocorrerem alterações genéticas na formação do feto”, diz o
geneticista.
Por Letícia Gonçalves
Fonte: http://www.deficienteciente.com.br/2012/04/abandone-7-mitos-sobre-a-sindrome-de-down.html
quinta-feira, 12 de abril de 2012
Abandone 7 mitos sobre a Síndrome de Down
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1 comentários:
Matéria top, esclarece muitas dúvidas. Obg
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