A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão protocolou hoje uma ação
civil pública para que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
estabeleça, no prazo máximo de 120 dias, regras que garantam a
acessibilidade das pessoas com deficiência visual aos telefones
celulares. A regulamentação deverá estabelecer normas para que sejam
oferecidos no mercado aparelhos que indiquem, de forma sonora, as
operações e funções disponíveis no visor.
"A ação visa garantir acessibilidade ampla e irrestrita das pessoas com
deficiência visual aos serviços de telefonia móvel pessoal", explicou o
Procurador Regional dos Direitos do Cidadão, Jefferson Aparecido Dias,
autor da ação.
Em maio de 2011, após receber reclamações que indicavam as dificuldades
na aquisição de celulares acessíveis aos deficientes visuais, a PRDC
solicitou esclarecimentos à Anatel e foi informada que muitos aparelhos
já possuem facilidades que propiciam a interação por intermédio da fala.
Na oportunidade a Agência enviou ao Ministério Público Federal uma
relação de aparelhos que possuem o software "leitor de mensagens".
Da lista fornecida pela Anatel apenas alguns modelos foram encontrados
no mercado nacional, a maioria com tela sensível ao toque, o que torna
sua navegação praticamente impossível aos deficientes visuais. "O
software 'leitor de mensagens' que acompanha esses aparelhos opera
apenas nos idiomas inglês e finlandês", informa a ação.
A PRDC também consultou a Associação Brasileira de Assistência ao
Deficiente Visual (Laramara). A instituição analisou o software 'leitor
de mensagens' e concluiu que ele não atende as necessidades das pessoas
com deficiência visual, já que não possui recursos que indiquem de forma
sonora todas operações disponíveis no visor. Para obter tal acesso,
segundo a associação, o deficiente visual teria que adquirir o software
"talks", que custa aproximadamente R$ 700,00 e instalá-lo em aparelhos
compatíveis.
Diante das dificuldades, o MPF recomendou à Anatel, ainda em 2011, que
regulamentasse, no prazo de 90 dias, os requisitos para certificação de
aparelhos sonoros, visando o atendimento às condições de acessibilidade.
Em resposta, a Anatel informou que as regras formuladas pela sua
Gerência de Certificação e Engenharia de Espectro se dirigem somente à
indústria de equipamentos de telecomunicações, para que a produção
atenda a quesitos de segurança, neutralidade de redes e respeito à vida
do consumidor. A agência também enviou uma compilação de normas em vigor
que garantiriam a acessibilidade dos deficientes.
Para Dias a resposta não atendeu à recomendação. Ele considera que a
Anatel "tem obrigação legal de proceder à regulamentação" e que está
sendo "omissa no tocante ao pleno gozo dos direitos fundamentais das
pessoas com deficiência".
DIREITOS - Na ação, o procurador cita normas internacionais - como a
Convenção Internacional sobre Direitos das Pessoas com Deficiência e a
Convenção Interarmericana para Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Pessoas com Deficiência - e normas nacionais,
como a Lei 10/098/00 e o decreto 5.296/04, que garantem os direitos das
pessoas com deficiência visual à todas as formas de comunicação.
"Se existem os preceitos legais, por que continuam a ser violados?",
questiona o procurador. "Por falta de vontade política para cumprir tais
preceitos, flagrantemente desrespeitados", argumenta.
Dias argumentou que para a maioria dos usuários de telefone celular as
condições de acessibilidade podem parecer irrelevantes, mas "representam
limites intransponíveis para o exercício dos direitos de uma parcela da
população que sofre com a deficiência visual".
Fonte: http://sentidos.uol.com.br/canais/materia.asp?codpag=13849&
quinta-feira, 17 de maio de 2012
MPF quer telefones celulares acessíveis para pessoas com deficiência visual
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