quinta-feira, 26 de julho de 2012

JOINVILLE: Bailarinos vivem rotina de pessoas com deficiência

No lugar das sapatilhas, rodas. No lugar dos pés firmes e seguros, uma bengala. No lugar dos olhos atentos à expressão do corpo, uma venda e a escuridão. Na tarde desta terça-feira (24/7), os adereços que compõem o figurino e a rotina dos bailarinos foram substituídos por uma palavra estranha a muitos deles: acessibilidade. “Nós não somos físico. Somos realização”, sentenciou o arquiteto especialista na área, Mário Cezar da Silveira.

Os participantes da oficina “Outros Olhares sobre o Corpo”, oferecida pelo Comitê Gestor Cidade Acessível é Direitos Humanos, com o apoio do Instituto Festival de Dança e do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência (Comde), conheceram um mundo diferente, mas não impossível. Nas palavras de Mário, surgiram incentivos para que o corpo seja valorizado nas suas qualidades, defeitos e particularidades. Nos vídeos exibidos na oficina, um espaço para o "diferente": bailarinos sobre cadeiras de rodas, bailarinas surdas, com deficiência visual ou síndrome de Down, todas exercitando a arte de forma plena. “A arte não nasce no corpo, mas na capacidade criativa do ser humano”, explicou Mário.

Além do conhecimento teórico sobre o assunto, os participantes da oficina sentiram na pele um pouco da rotina das pessoas com deficiência. O medo ficou escondido. A curiosidade e a superação foram incorporadas como instrumentos de trabalho. “Eu precisava disso para aprender a me desafiar ainda mais”, revelou a bailarina do grupo Balé Cidade de Taubaté, Gabriela Valéria Vieira, de 18 anos.

Gabriela foi a primeira a escolher a sua “deficiência”. Quis ser cega. Com uma venda e uma bengala, percorreu o Centreventos e chegou à Feira da Sapatilha vigiada por olhares atentos e cuidadosos, mas percorrendo o próprio caminho, sem ser amparada ou guiada. “No grupo do qual faço parte já tínhamos feito uma dinâmica de dançar de olhos fechados e eu tive bastante dificuldade. Cheguei a me emocionar”, conta.

Para ela, a oficina de acessibilidade foi um momento de inspiração. “Tem dias que eu esqueço de me desafiar. Hoje, escolhi ser cega porque achei que era o mais difícil”, disse. Outros bailarinos mergulharam no mundo dos cadeirantes: seja daqueles que usam a cadeira manual ou a elétrica. O andador para idosos também foi um equipamento disponibilizado na oficina.

Depois da experiência, o grupo foi desafiado a improvisar uma coreografia, ensaiada próximo ao palco da Feira da Sapatilha. “Temos que aprender a valorizar o corpo com as qualidades e os defeitos que ele tem. Até porque, são os nossos defeitos e limitações que nos fazem melhorar. Nosso maior desafio é acabar com estigmas: deixar de enxergar limitações para enxergar potencialidade”, concluiu Mário.

Fonte: SECOM

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